Ricardo Coutinho não vai encarar a disputa. Repete Tarcísio Burity, até então o único governador que desde a volta das diretas, em 1982, não saiu do Palácio da Redenção para concorrer ao Senado Federal.
Em 1990, Tarcísio Burity temeu o desgaste do fechamento do Paraiban e da crise subsequente, que provocou atraso do pagamento do funcionalismo. Preferiu ficar no cargo e eleger um sucessor. Lançou João Agripino Neto, que só conseguiu 11,96% dos votos. Ronaldo Cunha Lima foi o vencedor.
Aliás, o governador poeta foi o único que pode comemorar a eleição de um aliado como sucessor, que foi Antônio Mariz, em 1994. Todos os outros tiveram que entregar o poder a adversários. Mesmo os que deixaram o cargo com altíssima aprovação e conquistaram o Senado, como José Maranhão em 2002.
Ricardo Coutinho – que está para ser julgado pelo TRE e TSE, onde tramitam Aijes que pedem sua cassação e inelegibilidade por abuso de poder econômico, político, conduta vedada e compra de votos na campanha de 2014 -, disse que ficou para garantir o seu projeto e eleger como sucessor o ex-secretário João Azevedo.
A ameaça ao projeto não partiria da oposição, mas daquela que ajudou na sua eleição, a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que até elogiou sua decisão de ficar no cargo. Mistério!
O cenário de 2018, a primeira eleição geral após a Lava Jato, a maior crise econômica da nossa história, o impeachment de Dilma e a condenação do ex-presidente Lula, é realmente intimidante para muitos políticos. O eleitor parece mais difícil de ser decifrado do que o enigma da esfinge. O voto não será fácil.
Com a decisão de Ricardo de não ser candidato a nada neste 2018, as atenções se voltam para a oposição e a definição da chapa que enfrentará o bloco governista.
As conversas são intensas. Todos acham que a eleição está em aberto, o que estaria alimentando expectativas em torno de um retorno de Romero Rodrigues e Luciano Cartaxo ao jogo.
Os oposicionistas estariam priorizando a unidade do bloco. Por isso as apostas são de que só anunciarão uma chapa completa. O prazo para os prefeitos entrarem na disputa termina à meia noite de hoje.
TORPEDO – “Fui uma das que defendeu a permanência do governador Ricardo Coutinho na função até o último dia de mandato, inclusive publicamente, por entender que essa atitude era a única que representava uma postura de coerência e respeito com a população da Paraíba”.
Da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), ao manifestar “irrestrito apoio” à permanência de Ricardo Coutinho no governo.
Troca
O deputado Ricardo Marcelo, ex-presidente da Assembleia, trocou o MDB pelo Progressistas. “É um grande parceiro, altivo, vigilante, com excelentes serviços prestados a toda Paraíba:, elogiou Daniella Ribeiro.
Na chapa
O deputado Veneziano Vital do Rêgo, ex-MDB, assinou a ficha de filiação ao PSB, na sede do partido. Anunciou que aceitou o convite de Ricardo Coutinho para ser candidato a senador na chapa de João Azevedo.
Opção
O senador José Maranhão disse que o MDB está de “portas abertas” para receber o prefeito de Campina, Romero Rodrigues, que admitiu trocar o PSDB por outra legenda, mas destacando que não há briga nem pressa.
Força
Lindolfo Pires se filiou e vai presidir o Podemos na Paraíba. Com ele estarão os deputados João Gonçalves, Edmilson Soares e Branco Mendes. A ex-secretária Ana Claudia Vital do Rêgo será candidata pela legenda.
ZIGUE-ZAGUE
Geraldo Alckmin renunciou ao governo de São Paulo para disputar a Presidência. Entregou o poder ao vice, Márcio França (PSB), que será candidato contra o PSDB.
Ele enfrentará João Dória, mas recebeu o governo com elogios de Alckmin: “A missão de governar São Paulo agora está nas boas e competentes mãos” de França.
Coluna de Lena Guimarães, edição de sábado, 07-04-28, do Jornal Correio da Paraíba.
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